quarta-feira, 26 de maio de 2010

COMO SE GRAVAVA DISCOS ANTIGAMENTE

Hoje, quando você comodamente instalado em sua poltrona, ou mesmo dentro de seu carro aciona o dispositivo que da inicio a reprodução do seu “CD” predileto, e

houve aquele som magnífico, límpido, puro, provavelmente não será capaz de explicar como tudo isso começou. Isto é bem compreensível; porque você não tem necessidade de saber todos estes detalhes técnicos. O que você deve, isto sim, é aproveitar ao máximo, o conforto que a gravação moderna oferece. Mas se tem curiosidade em saber como tudo começou, vamos fazer um pequeno relato de como era o processo de gravação de discos em nosso pais, no inicio do século passado, ainda no sistema de gravação mecânica.

Segundo o historiador Walter Teixeira Alves, a gravação mecânica perdurou no Brasil até 1927. Este sistema em uma descrição simples, consistia em cantar em um grande “Funil” que tinha a função básica de canalizar o som para o aparelho grava

dor. O interprete, e os músicos que o acompanhavam, ficavam o mais próximo possi vel deste funil e deviam cantar e tocar o mais alto que podiam;só assim as vibrações sonoras percorrendo o ar e entrando funil adentro,tinham a força necessária para fazer com que a agulha imprimisse sulcos num disco de cera de carnaúba ,pré amoleci

do colocado num prato giratório, ao lado do aparelho. Como esta impressão se dava exclusivamente pela mecânica do ar e a custa de grande esforço na emissão da voz e do som dos instrumentos, este sistema passou a ser chamado de gravação mecânica.

A reprodução destes discos era feita por gramofones, no sentido inverso das grava

ções, e também de forma mecânica, tendo uma particularidade: O gramofone não possuía regulagem da altura do som, sendo este efeito conseguido apenas, atravez do tipo da agulha utilizada, a agulha mais grossa e curva possibilitava som mais alto.

A gravação elétrica chegou ao Brasil em 1927, sendo Francisco Alves o primeiro cantor a servir-se desta técnica. Este sistema facilitou muito as interpretações, que a partir daí, passaram a ser mais bem cuidadas, porque o microfone elétrico levava os impulsos sonoros com maior facilidade e fidelidade a agulha que imprimia os sulcos na cera, evitando esforços desnecessários e prejudiciais ao interprete.

No processo mecânico os cantores e músicos envolvidos na gravação, somente tomavam conhecimento do resultado do seu trabalho, um mês depois, por ser este o praso médio para o lançamento de um disco. Também era necessário por parte dos técnicos um cuidado extremo com o trato com o disco de cera da matriz, porque ao menor toque ela se inutilizava por ser o material muito mole. Gravava-se ao vivo e sem nenhuma possibilidade de emendas, tudo em um único canal. Hoje, grava-se ate em 48 canais. Uma das maiores preocupações era de não errar, e também o tempo de 3 minutos que era a duração media da gravação em uma face do disco. Todos ficavam de olho num dispositivo composto por uma cordinha com um peso na ponta, que descia até um plano horizontal. A aproximação deste peso ao plano, indicava o termino do tempo da gravação, fazendo todos se apressarem para que a música coubesse no disco.

Embora com todas estas limitações, muitas gravações antigas apresentam um alto grau de qualidade, fato que nos faz imaginar que “proezas” fariam estes artistas deste tempo, se pudessem contar com as facilidades e a alta tecnologia dos dias atuais.

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