quinta-feira, 27 de maio de 2010

O CÃO DE MOZART

Mozart talvez seja o mais popular dos músicos eruditos. Embora sempre cercado pelas maiores dificuldades e tendo vivido uma existência relativamente curta, criou composições alegres e geniais, sendo a sua musica considerada como verdadeira exaltação a vida.

Sem duvida uma ótima maneira de definir a sua obra, é a sentença que diz: “Quando os anjos tocam para Deus, eles executam Bach, mas quando tocam pelo seu próprio prazer eles tocam Mozart”.

Joannes Crysostomus Wolfgangus Theophilus, mais conhecido como Amadeus Mozart, nasceu numa cidade da Autria em 27 de Janeiro de 1756,e conta-se que ainda criança, num domingo, ao voltar da missa ,seu pai Leopold encontra o filho todo manchado de tinta,a rabiscar furiosamente suas folhas de partituras. Antes de repreende-lo, porem, percebeu que o menino acabara de compor um concerto para cravo. “Mas isto não é muito difícil de se executar?”pergunta o pai. Mozart responde que não, e senta-se ao piano para executar a obra com a maior facilidade, deixando boquiabertos o pai e um amigo que estava presente.

Mozart jamais foi a escola ou teve outro professor que não fosse o próprio pai. Aos sete anos já compunha, tocava cravo, órgão e violino, já tinha também tocado para o Imperador Francisco l,que o chamou de pequeno mágico. No ano de 1764 sua família muda-se para Londres, onde Mozart compõe a sua primeira sinfonia. É nesta época que, influenciado por Johann Cristian Bach (filho de Johann Sebastian Bach) Mozart se apaixona pela ópera italiana.

Entre meados de 1765 e final de 1766, os Mozart (pai e filho) atravessam a Europa: Inglaterra, França, Bélgica, Holanda, Suíça e Alemanha. No ano de 1768, já de volta a Viena, compõe sua primeira Opera bufa “La Finta Semplice”, nesta época ele tinha apenas 12 anos. No ano seguinte viaja pela Itália, fazendo muito sucesso entre os italianos. Na capela Sistina, Mozart ouve um dos corais mais celebres de toda a Europa, o Miserere, de Allegri, cuja composição era guardada em segredo, sendo os próprios cantores impedidos de transcreve-la, sob pena de excomunhão. Ouvindo-a apenas uma vez, Mozart memoriza as nove vozes e as coloca na pauta. Quando todos esperavam o contrario, o Papa parece não se incomodar e ainda lhe concede o titulo da “Ordem da Espora de Ouro”.

Aos 16 anos de idade, Mozart já havia composto mais de 200 obras musicais da melhor qualidade, demonstrando um grau de genialidade em suas composições.

Fascinado pelo mito do eterno amante, Mozart compõe muito e se inicia numa vida amorosa desregrada. Em 1781 retorna para Viena e casa-se com a terceira filha da família Weber, cujo nome era Constance.

O casamento duraria nove anos e meio, até sua morte, que ocorreu nas primeiras horas do dia 5 de Dezembro de 1791. Ele tinha 35 anos de idade, tendo alguns considerado um milagre ele ter chegado a esta idade, pois pela vida desregrada que levava já havia tido as piores doenças da época.

Quando morreu, chovia muito e estava sozinho com a esposa, já muito doente. Quatro homens foram contratados para levar o caixão até o cemitério, no que foram seguidos apenas pelo seu cão, que uivava muito. Depois que os coveiros se afastaram, o cão deitou-se sobre a cova, e ali ficou, uivando, até que morreu.

Dias depois, a viúva procurou a sepultura, mas ninguém soube informá-la qual seria, apenas um dos coveiros lembrou-se que o cão havia morrido sobre ela, mas depois foi retirado e atirado ao lixo.

Deste modo, não se soube jamais, onde foi enterrado o grande músico. Tudo porque, comentou um dos seus biógrafos, um cão mostrou uma sensibilidade humana, quando cada amigo de Mozart procedeu como um cão.

CÁLICE ou CALE-SE


A moderna musica popular brasileira deve as gerações, pós – bossa nova e pós festivais, quase tudo o que aconteceu de melhor em termos de criação e qualidade,entre os anos1973 – 1985. Mesmo sofrendo o impacto enorme da censura, que esmagava e tolhia quase todo o espírito criativo, a maioria de nossos jovens compositores,manteve-se em continua atividade,criando coisas lindas,pouco se deixando influenciar pelas misérias de um autoritarismo que chegava algumas vezes as raias da selvageria e até irracionalidade.

Figuras de destaque,desde o inicio de suas carreiras, nomes como: Chico Buarque,Caetano Veloso,Gilberto Gil,Edu Lobo,Milton Nascimento, Geraldo Vandré, são referencias valorosas,que a par de seu talento espetacular ainda, possuem um passado de lutas racionais e extremamente corajosas,contra um movimento que não tinha nenhum escrúpulo em ¨providenciar¨o desaparecimento sistemático de pessoas que não aceitassem pacifica e covardemente,os princípios imperialistas e ditatoriais dos donos do poder,cuja prepotência entrou melancolicamente para a nossa historia. Para discordar publicamente daqueles princípios expostos pela ditadura, era necessário coragem,muita fibra, muita brasilidade.

Nesta época, a censura imposta pelos militares era violenta e constante. Jornais, Rádios, TVs, Teatro, tudo censurado sem nenhuma contemplação.

Cálice, uma composição de Chico Buarque e Gilberto Gil, é um exemplo de letra elaborada com o objetivo comum entre nossos compositores de burlar a censura, na época em que foi feita(1973). Na verdade, Cálice destinava-se a um evento promovido pela Polygram, que deveria reunir em duplas, os maiores compositores do elenco da gravadora. A musica inicialmente deveria ter como interpretes os seus compositores, Chico Buarque e Gilberto Gil. A composição nasceu de um encontro casual, no apartamento de Chico, na época na Lagoa Rodrigo de Freitas. Gil mostrou os versos que havia feito na véspera, uma sexta-feira da Paixão. O refrão deixou Chico encantado: ¨Pai,afasta de mim este cálice/ De vinho tinto de sangue.¨uma obvia alusão a agonia de Cristo no Calvário. A ambigüidade foi imediatamente percebida por Chico: (cálice/Cale-se) Gil trouxera ainda a primeira estrofe da composição ¨Como beber desta bebida amarga/Tragar a dor,engolir a labuta/Mesmo calada a boca,resta o peito/ Silencio na cidade não se escuta/De que vale ser filho da santa/Melhor seria ser filho...da outra/ lembrando uma bebida amarga muito em moda na Itália,chamada Fernet., era oferecida as visitas,quando o barulho de Roma diminuía e se permitia ¨ouvir¨ o silencio. A intenção dos compositores fica evidente quando o ¨silencio¨ é considerado a liberdade de expressão,e não era permitida pelo ¨barulho¨ que se deveria entender como a atuação da censura que não permitia a liberdade de expressão.

Deste primeiro encontro, e de outros mais que aconteceram dias depois, nasceram a melodia e as outras estrofes – quatro no total – sendo a primeira e a terceira de Gil e outras duas de Chico. No dia do lançamento da musica, num show lotadissimo, com uma platéia repleta de uma juventude cada dia mais carente de liberdade, ao iniciarem o canto de Cálice, a censura cortou o microfone. Gil ficou irritadíssimo, e Chico aproximou-se do outro microfone de palco,que também foi cortado,impedindo ambos de cantar a canção até o fim,diante de um publico que vaiava alucinadamente.

Cinco dias depois, a censura liberou a canção, que foi incluída no LP que Chico gravava anualmente, mas com a saída de Gilberto Gil da gravadora Polygram, a participação de Gil, foi substituída por Milton Nascimento, que a gravou com Chico Buarque. Foi esta uma época que embora tenha sido algo tumultuada por algumas circunstancias, passou para a historia por produzir uma elite de grandes compositores que até hoje enaltecem a verdadeira Musica Popular Brasileira.

O PADRE FOFOQUEIRO

Nas minhas andanças pelo interior do estado, por força da minha profissão, conheci pessoas das mais diferentes formações, crenças e atitudes. Algumas, por serem muito especiais, marcaram a minha vida, como aconteceu com um velho padre, figura simpática e sempre risonha, que aparentava ter mais de 80 anos, mas sempre bem humorado e alegre com todos. Era muito querido em sua comunidade, e sua igreja estava sempre cheia de fieis, que demonstravam ter muito carinho, pelo velho sacerdote.

Desde nosso primeiro contato, percebi que o velho padre era um líder natural naquela comunidade. Também nos poucos dias que ali permaneci, pude verificar o grande numero de pessoas que o procuravam com os mais variados problemas. Sua disposição para atender os necessitados, era alguma coisa de contagiante. Notei também, que quando as pessoas o encontravam na Igreja ou em alguma das obras assistenciais que ele dirigia, quase sempre queriam ter uma conversa em particular com ele. Diziam sempre que o procurariam depois, em sua casa, e ele sempre sorridente,demonstrando uma felicidade que realmente deveria estar sentindo, respondia: -¨ Isso mesmo, passe lá em casa. Vamos tomar um cafezinho e falar mal da vida alheia... A final somos só nos dois pra falar do mundo todo, e todos pra falar de nos dois...a desvantagem é grande... ¨ Como esta resposta era mais ou menos constante... fui ficando intrigado. A mim, não me parecia comum, um líder religioso gostar de falar mal da vida alheia. Seria isto correto?

Um sábado a tarde, estando eu sem fazer nada, lembrei-me do padre e resolvi visitá-lo em sua casa. Recebeu-me muito bem, todo sorridente, mandou servir café com bolo de Fubá, e passamos a conversar sobre amenidades, coisas da vida. Em determinado momento, não resisti e perguntei-lhe o porque daquele procedimento que ele adotava com as pessoas que o procuravam. Extremamente simpático, deu uma sonora gargalhada, demonstrando estar admirado com a minha curiosidade. Depois, muito sério disse: -¨ Olha meu filho. O maior perigo que a criatura humana enfrenta, é a maledicência, o mau uso da língua. A língua é tão perigosa que Deus, em sua magnífica sabedoria, a colocou em uma caverna,- Que é a nossa boca – E a prendeu entre grades, que são os nossos dentes. Mas o homem não observa estes freios, e ao menor deslize de seu semelhante, liberta a língua e solta veneno sobre o infeliz. A língua, meu filho, é perigosíssima, quando mal utilizada. E tem um agravante –Continuou – o homem gosta de fofocar. A fofoca é hoje uma instituição internacional. Até entre as nações, existe fofoca. Imagine então aqui, uma cidadezinha pequena, onde todos se conhecem o perigo que isto representa. Então,quando querem falar comigo,querem na realidade falar de seus conflitos, se queixar de quem eles julgam ser os causadores de seus problemas: um vizinho,um amigo,a mulher, o marido,a sogra...nunca eles próprios. Sempre tem alguém que consideram responsável pela sua desdita. Comigo,eu os deixo falar a vontade,até se sentirem satisfeitos,saciados,e até concordo com eles. Ficam felizes, realizados, e antes de irem embora, eu digo que eles tem razão, mas como são bons cristãos, devem perdoar e não comentar com outros, o seu padecimento. Desta forma, uma queixa que se transformaria em fofoca, morre aqui comigo e não se espalha.

Meu filho...se eu contasse tudo que já ouvi,aqui nesta casa,a cidade no mínimo explodiria.. é um trabalho triste e penoso,mas enormemente compensador pelo alivio que traz pela alma que se alivia.¨ concluiu com um largo sorriso.

Olhei para aquele homem bom e sincero que estava a minha frente, sem poder desviar os olhos por alguns momentos. Senti que estava diante de um verdadeiro cristão.

Depois de algum tempo deixei aquela pequena cidade por força do meu trabalho, não sem antes ir até a igreja para abraçar o velho padre,que um dia,injustamente eu imaginei fosse um grande fofoqueiro. Destes fatos, já se passaram muitos anos, mas até hoje recordo da lição que aprendi, e da realidade em que me foi dita, naquela época. Na verdade, os relatos que nos chegam com relação a problemas, são quase sempre queixas veladas sobre o comportamento de alguém. Nunca vi, ou ouvi alguém se queixar de si mesmo, como causa das próprias aflições. São sempre os outros... Estas almas encontram na critica ao semelhante,um meio de desculpar os seus próprios enganos, e faltas.

APESAR DE VOCÊ (1970)

Em agosto de 1959,a gravadora Odeon,lançou um compacto simples,que iria revolucionar a musica popular brasileira. Na face do lado ¨B¨a composição do cantor João Gilberto ,¨Bim Bom¨ e na face ¨A¨ a hoje histórica ¨Chega de Saudade¨ de Tom Jobim e Vinicius de Moraes musica que 51 anos depois, ainda esta influenciando músicos, de todo o planeta. Fazia pouco tempo que nosso pais havia visto nascer uma nova e talentosa geração de novos compositores, isto quando mal saia do governo do Dr. Juscelino Kubitschek de Oliveira (1956-1961) e também da segunda grande guerra mundial. No Brasil, o estado de direito ainda engatinhava, quando foi sacudido pelo trauma do suicídio de Getulio Vargas,em 24 de agosto de 1954. Mesmo com as tentativas da UDN e do jornalista Carlos Lacerda de impedir a posse de Juscelino, ele foi eleito, e tomou posse precisamente a 31 de janeiro de 1956. O novo presidente, com sua visão de estadista, imediatamente solicitou ao congresso a suspensão do estado de sitio, e aboliu a censura a imprensa.

O Brasil atravessava uma fase de razoável desenvolvimento econômico, e também de verdadeira euforia cultural. Nosso cinema vivia uma época de modernismo e grandes novidades, Exemplo: ¨Rio 40 Graus¨de Nelson Pereira dos Santos,que seria reconhecido como o marco inicial do que se convencionou chamar de ¨Cinema Novo¨. Nosso teatro também dava show, com Gianfrancisco Guarnieri encenando a peça ¨Eles não usam Black Tie¨. Em S.Paulo no ano de 1958 se criava o teatro oficina. Na Suécia o Brasil lavava a alma de todos os brasileiros com um verdadeiro¨balé¨de futebol,encenado por Pelé, Tostão, Gerson e o verdadeiro mago apelidado de Garrincha. Era o Brasil dos nossos sonhos, que estávamos vivendo, naquela época.

Neste tempo, Chico Buarque de Holanda era um adolescente, nascido no Rio de Janeiro no dia 19 de junho de 1944. Foi o quarto filho entre os sete que tiveram o casal Sergio Buarque de Holanda – Historiador – e D. Maria Amélia Cesário Alvim. Dois anos depois, Sergio foi convidado para dirigir o Museu do Ipiranga e a família então mudou-se para a capital de S.Paulo,onde nasceram as três irmãs mais novas de Chico.

Em 1961 assume a presidência da Republica, o ex governador de S.Paulo, Jânio Quadros, que renuncia, após sete meses de mandato. Assume o vice, João Goulart,mal visto pelos militares que o consideravam homem de esquerda. Em 1963, Chico ingressa na FAU – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de S.Paulo) mais por falta de alternativa do que por opção. S e engaja no movimento estudantil, definitivamente contra o golpe de estado,que depõe João Goulart em 31 de março de 1964.

Com a revolução,o sol de liberdade que iluminava os céus do Brasil,foi turvado pelas nuvens escuras do autoritarismo,da perseguição, da truculência. Centenas de brasileiros foram perseguidos,e alguns desapareceram para sempre.Parte da nossa intelectualidade e boa parte dos artistas jovens e conscientes,tiveram que buscar abrigo em outros países,como Caetano Veloso,e Gilberto Gil,que foram morar na Inglaterra. Chico, Toquinho foram para a Itália,alem de outros mais. Chico embarcou para a Itália no dia 13 de dezembro de 1968,para gravar um disco,e resolveu ficar por lá até março de1970,esperando que as coisas por aqui,¨esfriassem¨ um pouco

Sua volta se deu por conta do apoio que recebeu de André Midani, diretor de sua gravadora, que lhe assegurou estarem as coisas por aqui, ¨Melhorando¨,fato que Chico constatou ser o inverso,quando aqui chegou. Imediatamente, externou seu desapontamento,com a composição ¨Apesar de Você¨que entre outras coisas afirmava: ¨Você vai pagar,e é dobrado/Cada lagrima rolada/ Neste meu penar.¨

Por incrível que pareça, este destemido recado a ditadura,passou pela censura,e foi lançado por Chico num compacto simples, que estourou nas rádios e vendeu de cara algo em torno de cem mil discos,até que a ditadura entendeu o recado,proibiu a musica, e recolheu e quebrou todos os discos. Mas esqueceram-se de quebrar a matriz, que imprimiu alguns milhares de novas cópias, tão logo a ¨tempestade passou¨.

O SONHO DE MARTINHO LUTERO

O movimento religioso que se convencionou chamar de Reforma Luterana,ou Protestante, nasceu das conclusões do jovem Matinho Lutero, atravez de seus estudos,de que a salvação das criaturas,não deve e nem pode processar-se por si mesma. A salvação, segundo este entendimento, somente será dada em Cristo, unicamente pela Graça e aceita, somente pela fé. Parecendo bastante simples em principio, esta teoria biblicamente fundamentada, originou uma nova vizão no entendimento de parte da Igreja, do sacerdócio, dos sacramentos,da espiritualidade, da devoção,e da conduta moral e ética do mundo.O homem que levantou tamanha questão pondo em cheque conceitos tão tradicionais, aceitos já a milhares de anos por uma parte considerável dos cristãos,tem um nome: Martinho Lutero.

Lutero nasceu na Alemanha, num lugar chamado Eisleben, no dia 10 de novembro de 1483. Sempre muito preocupado em viver de forma correta garantindo a salvação de sua alma, ainda jovem, decidiu tornar-se monge. Durante seus estudos religiosos, perguntava-se constantemente: ¨Como posso conseguir o perdão e o amor de Deus?¨ Com o passar dos anos,sempre mergulhado em livros,concluiu que para ganhar o perdão de Deus, não precisava castigar-se. Bastava apenas que tivesse uma fé absoluta no criador ;e com isso,ele que inicialmente era católico,não estava inventando uma nova religião,apenas retomando algumas máximas bíblicas,que a igreja foi deixando de lado, ao longo do tempo.

Com o propósito de tornar publicas suas idéias, elaborou 95 teses reunindo o mais importante de suas conclusões teológicas,e fixou-as na porta da igreja do castelo de Wittenberg, isso no dia 31 de outubro de 1517. Com esta atitude, pretendia abrir um debate com os maiores de sua igreja, pois achava que ela deveria ser renovada a partir do evangelho de Jesus Cristo.

Em pouco tempo toda a Alemanha tomou ciência do conteúdo destas teses e elas se espalharam também para o resto da Europa. Embora tivesse sido precionado para abandonar sua teorias – revolucionarias para a época – não abriu mão de suas

convicções,embora por causa delas tivesse sido excomungado e cassado nos seus direitos de católico. Com o advento e facilidade da impressão de textos em serie, recém surgida, o movimento da reforma espalhou-se rapidamente, e em 1530 os lideres protestantes (assim chamados agora) escreveram a ¨Confissão de Augsburgo¨ que resumia os elementos doutrinários,fundamentais do protestantismo.

Em 1546, Martinho Lutero faleceu. Tinha apenas 62 anos de idade, e tal fato se deu em 18 de fevereiro daquele ano. Finalmente em 1555,o imperador reconheceu que na Alemanha,haviam duas diferentes vertentes religiosas:A católica e a Luterana.

¨Conta-se que certa vez Lutero sonhou. Encontrava-se defronte os portões majestosos que dão acesso ao céu, e que eram guarnecidos por dois anjos reluzentes e de extrema beleza. Aproveitando aquela oportunidade de encontrar-se nos umbrais dos taberná culos eternos, aproximou-se de um dos anjos guardiões e perguntou:

-¨ Estão ai no céu,os protestantes?¨

-¨ Não todos,alguns apenas.¨-respondeu o anjo.-

-Que me dizes?! Os protestantes não alcançaram a salvação, mediante o sangue de Cristo?

-Como lhe disse, meu irmão, aqui estão apenas alguns dos protestantes.

-Será então,que ai estejam os católicos – romanos,membros da igreja que abjurei?

-Também desta igreja existem aqui, alguns poucos. Não todos.

-Então quem sabe, os partidários de Buda ou Maomé?

-Sim de ambas existem também alguns adeptos. Apenas alguns...

Intrigado, Lutero então indagou ao porteiro celeste:

- Dar-se-a acaso, que o céu se encontre quase desabitado? Dize-me então, por favor, anjo do senhor, de que igreja são os seguidores que se salvam em sua maioria?

-¨De nenhuma e de todas¨-respondeu o anjo. Aqui, não se cogita de nomes e títulos. Levamos em conta apenas, aqueles que visitam as viúvas, os órfãos em suas aflições, e respeitam ao senhor na pessoa de seus semelhantes. Estes são os que entram no céu com livre acesso.

O PIRATA

Vamos supor que existam três sapos numa folha, e um deles decida pular para a água.Quantos sapos restam na folha? Resposta certa: três sapos, porque um deles apenas decidiu fazer isso, porem nada indica que o tenha feito. Nós os seres huma nos,não somos como o sapo,muitas vezes? É comum dizermos que vamos fazer isso

mais aquilo,e acabamos não fazendo nada. Durante nossa vida, temos que tomar muitas decisões, algumas fáceis, outras mais difíceis. Grande parte dos erros que cometemos, e principalmente dos resultados que conseguirmos, dependerá da nossa atitude,no momento certo.

Tudo na vida implica em possíveis erros, que cometemos quando indecisos ou omissos.

As conseqüências de nossas atitudes nos trazem resultados com as quais temos que conviver,as vezes pelo resto de nossos dias. Mas temos que arriscar.Expor sentimentos por exemplo,é arriscar-se a ficar exposto aos olhos dos outros. Rir,é correr o risco de parecer tolo. Chorar,é correr o risco de parecer excessivamente sentimental. Então o que fazer; como agir? A escritora norte americana Marjorie Wally,demonstra num conto que escreveu, que as crianças,com sua inocência e sinceridade,podem ensinar e muitas coisas,se hás observarmos bem. Vejam a historia: ¨A senhora Smith estava sentada na ante sala do consultório médico aguardando a vez de ser atendida, quando um garotinho e sua mãe entraram. O menino chamava a atenção, porque usava um tapa-olho. Ela achou muito bom que o garoto brincasse a vontade, sentado no chão do consultório, parecendo que o tapa-olho não o incomodava em nada. ¨-Ele deve ter superado muito bem o seu problema, ao contrario do que ocorre comigo.¨

Como o consultório não estivesse muito cheio aquele dia, a senhora Smith esperava a sua consulta para avaliar a cicatrização de seu joelho,para que os médicos pudessem encaixar uma pròtese. Ela havia perdido a perna,do joelho para baixo,num acidente de carro, e depois disso mesmo tentando ser corajosa,perdera a alegria de viver sentin

do-se uma invalida,na verdade. A perda,fora devastadora para ela,embora todo o

apoio recebido dos familiares e dos médicos,não conseguia aceitar,em sua cabeça, aquela triste realidade de agora.

Finalmente,a senhora Smith teve oportunidade de perguntar ao menino,o havia acontecido com o seu olho. Ele analisou a pergunta por algum tempo,e com a graça natural de uma criança de 4 anos respondeu : - Não há nada de errado com o meu olho...É que eu sou um pirata! Disse isso,e voltou a brincar com seus soldadinhos de plástico. A senhora Smith levou um choque. Parecia que Deus falara com ela, através daquela criança, para convoca-la para a vida. Sentiu um misto de vergonha e alegria ao mesmo tempo. A palavra ¨Pirata¨ dita por aquela criança, mudou radicalmente sua

postura diante do problema que antes parecia insolúvel. Viu-se vestida como Long John Silver de pé, no convés de um navio pirata.Parada, com as pernas abertas, sendo que uma das pernas era de pau,e ela tinha imenso orgulho disso. As mãos seguravam os quadris, a cabeça levantada,ombros para traz, e ela sorrindo no meio da tempesta

de,enquanto ventos com a força de um furacão,chicoteavam seus cabelos e o rosto. Água gelada passava por cima da balaustrada do convés,se quebrando contra o navio. O barco balançava e gemia sob a força da tempestade,mas ela impávida o mantinha firme,com mãos de ferro segurando o leme. Afinal,era era quem deveria determinar o rumo do seu barco, assim como o rumo da sua vida. Como num passe de mágica, sentiu-se corajosa e muito confiante novamente.

Olhou para aquele garotinho que inocentemente brincava com os soldadinhos no chão, a quem tanto,agora se sentia agradecida. Neste instante,a enfermeira chamou-a para ser atendida. E quando ela balançou as muletas levantando-se, o menino percebeu a sua amputação e disse: ¨ Ei moça! O que há de errado com sua perna? A mãe do menino que tudo observava, ficou petrificada.

A senhora Smith olhou por um instante para a perna diminuída, que até alguns instantes era motivo de tanto sofrimento, sorriu calmamente e disse :

- Nada querido...É que eu também sou pirata!

O MENINO DE ROUPA VERMELHA

O garotinho Clécius,nasceu infectado pelo vírus da AIDS herdado de sua própria mãe,uma jovem operária de origem pobre que mantinha a ela,e ao filho, com os minguados recursos provenientes de seu parco salário.

Desde o inicio de sua vida,o pequeno Clècius necessitava de medicamentos para sobreviver.

Aos cinco anos,a través de uma cirurgia,teve um cateter inserido em uma veia do seu tórax,para,infundir o medicamento em sua corrente sangüínea. O cateter èra conectado a uma bomba infusora, que o menino carregava em uma mochila, presa as costas.

Muitas vezes,ele também precisava de um reforço de oxigênio para ajudar em sua respiração,quando acontecia que, em suas brincadeiras,subitamente parecia que ia morrer sufocado sem ar para respirar. Este problema, era solucionado pelo tanque de oxigênio que carregava consigo, atravez de um carrinho.

Embora enfrentando todas estas dificuldades, o menino Clécius não abria mão de um minuto siquer de sua vida,por causa da terrível doença.Era comum vê-lo brincando e correndo com as outras crianças no pátio do modesto edifício onde morava com a mãe,tendo a mochila as costas e empurrando o carrinho onde estava o tanque de oxigênio. Todos os moradores do edifício de Clecius,ficavam maravilhados com a alegria do menino e toda aquela energia que ele transmitia as pessoas,que dele se aproximavam. Era muito bom estar perto de Clécius,pensavam todos.

A mãe do garoto, naturalmente o amava muito,mas freqüentemente reclamava da agitação do mesmo,que ela entendia exagerada. Parecia que ele tinha enorme pressa em viver,em aproveitar a vida em cada segundo,tirando o ,maximo que ela poderia lhe oferecer,numa gana de viver,que as pessoas saudáveis parecia sem explicação.

Mas para aquela mãe zelosa e também doente,toda aquela efusão de vida, aquela energia desmedida que vinha daquele pequeno ser, parecia exagerada e sem motivo, e para localizá-lo com maior facilidade entre as outras crianças do prédio, sua mãe o vestia de vermelho.

Chegou o dia porém, que a terrível doença venceu aquele pequeno dínamo que se chamava Clécius. Coincidentemente foram, ele e a mãe, internados no mesmo hospital com diferença de apenas algumas horas, um do outro. Sentindo que o momento estava próximo, sua mãe em sua última conversa com o menino procurou confortá-lo, dizendo-lhe que não sentisse medo, pois ambos se encontrariam lá no céu com toda certeza. O pequeno apenas assentiu com a cabeça, dando um triste sorriso, parecendo já esperar por esta hora.

Poucos dias antes de morrer,Clecius chamou a enfermeira que o assistia, e com voz muito debilitada sussurrou:

- “Sei que vou morrer logo, mas não estou com medo. Quando eu morrer, por favor me ponha uma roupa vermelha. Mamãe prometeu me encontrar lá no céu, mas sei que lá deve ter muitas crianças, e quando ela chegar eu devo estar brincando. Se eu estiver com a roupa vermelha, sei que ela vai me achar logo.”