quarta-feira, 26 de maio de 2010

ELIS REGINA CARVALHO COSTA

Eram onze horas e trinta minutos, do dia 19 de Janeiro de 1982. Seria um dia normal e um horário como outro qualquer, sê dois homens desesperados não ascenassem para um táxi, numa das ruas dos jardins em S.Paulo. Esses homens traziam consigo uma manta, que envolvia um corpo humano. Este fato tornou-se histórico, porque o corpo embrulhado pertencia a Elis Regina Carvalho Costa, talvez a maior cantora brasileira dos últimos tempos.

Quinze minutos depois, Elis dava entrada no Hospital das Clinicas em S.Paulo, acompanhada por Samuel Macdowell e Marco Antonio Barbosa, colega de escritório de Samuel. Choques, massagens cardíacas foram inúteis. Elis Regina estava morta.

Na noite anterior, um grupo de amigos estivera no apartamento de Elis, até por volta de das 22 horas e á deixaram bem, permanecendo apenas ela e Samuel. Depois de jantarem, Samuel foi embora, meio brigado com ela. Segundo seu depoimento durante a madrugada ele telefonou diversas vezes, mas ninguém atendeu. Às 7 horas do dia seguinte, Samuel conseguiu falar com Elis pelo telefone, e segundo ele,enquanto falavam a voz da cantora foi ficando mole e pastosa; houve uma interrupção, e Samuel apavorado correu até o apartamento dela, e após arrombarem a porta, encontraram Elis estirada sobre a cama, já sem vida.

Elis Regina de Carvalho Costa, nasceu a 17 de março de 1945, em Porto Alegre bairro do IAPI, um aglomerado de casas simples de operários. Seus pais: Sr.Romeu e D. Ercy eram pessoas simples, e muito honradas, embora provincianas.

Elis sempre gostou muito de cantar, tanto que estreou aos doze anos num programa muito famoso, chamado -Clube do Guri - na radio Farroupilha de Porto Alegre. O apresentador se chamava Ary Rego, e durante 3 anos,foi a atração maior do “Clube do Guri”; até ser convidada para cantar profissionalmente. O repertório, até pela facilidade de Elis com outros idiomas, era composto por clássicos internacionais, em inglês, espanhol e francês. Alias, o idioma francês foi o responsável por um caso que retrata bem o preconceito vivido pela cantora,em sua terra natal.

Sua professora de idioma francês no Instituto de Educação, onde a menina estudava, disse que uma cantora de radio não teria suficiente dignidade para vergar o glorioso uniforme da escola. Motivo? Ela era uma cantora de rádio, portanto uma “puta” e mais: Se a mãe a deixava cantar no radio, deveria ser uma puta também.

Resultado: Ao saber da historia,a pequenina Elis procurou a professora e depois de lhe dar um sonoro “bofetão”disse: - “De mim, você fale o que quiser; mas de minha mãe você não fala desta maneira não!” Deste incidente nasceu em Elis, um trauma com relação a língua francesa, só superado muito tempo depois atravez de “análise”.

Elis Regina chegou ao Rio de Janeiro, em 31 de março de 1964. O sucesso foi imediato, já 1965 vencia o “I Festival de Musica Popular Brasileira” da TV Excelsior com a musica “Arrastão” de Edu Lobo. O resto da historia todos sabem. Foi de sucesso em sucesso, até acontecer o desenlace que narramos no inicio de nossa história.

Da “Pimentinha” - Apelido dado por Vinicius de Moraes - só restou uma imensa saudade. A saudade e os discos. Dela disse alguém: - “Era uma baixinha complicada. Uma verdadeira “pimentinha”, mas cantava como ninguém. A voz era como um instrumento de sopro, um instrumento maravilhoso, de sonoridade sem igual.”

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