terça-feira, 25 de maio de 2010

SAMPA

Maria Bethania, e seu irmão, Caetano Veloso são responsáveis por considerável parte,do que existe de melhor na moderna musica popular brasileira. Embora trilhando carreiras semelhantes, suas atuações são marcadas pelo extremo bom gosto, ousadia, e muita,muita inteligência mesmo. Bethania é uma primorosa interprete, mas não compõe
Caetano,ao contrario, é exímio compositor, alem de interprete excepcional, como Bethania.
Quando do seu lançamento, a composição – Sampa – que o autor define como ¨canção – depoimento¨ não foi bem recebida por parte da critica paulista.
A musica foi composta, em razão de um programa sobre S. Paulo, realizado pela TV Bandeirantes, para o qual o produtor do programa Roberto de Oliveira, encomendara um depoimento a Caetano, que teve a idéia de fazê-lo em forma de musica, com uma letra relativamente longa, onde expunha suas impressões sobre a cidade de S.Paulo, que fez em poucos minutos,e que foi gravada em vídeo já no dia seguinte. Como o LP que Caetano preparava,ainda não tinha todas as musicas,deu tempo de incluir Sampa no novo disco. O acompanhamento foi feito de forma singela, sem maiores pretensões, por um conjunto regional, onde se sobressai o violão de sete cordas de Arnaldo Brandão
Na letra de Sampa, Caetano registra referencias que considera importantes na capital Paulista, como por exemplo; a poesia arquitetônica concreta dos irmãos Campos, Confessa também sua admiração e respeito por Rita Lee e os Mutantes, e encerra com os dizeres ¨ e os novos baianos te podem curtir numa boa¨ cantada sobre uma frase melódica final,de um samba muito importante,chamado ¨Ronda¨ do grande autor paulista Paulo Vanzolini. Sobre este detalhe, pessoas que reconhecidamente entendem de musica popular, dizem ser este detalhe que Caetano introduziu em sua composição, ¨coisa verdadeiramente de gênio musical. ¨ Alem de tornar popular a sigla ¨Sampa¨consagrada pelo povo brasileiro e em especial o paulista, Caetano Veloso, faz uma verdadeira declaração de amor a um S.Paulo,que de há muito tempo deixou de ser ¨Poetico¨, para se transformar no gigante de concreto armado,símbolo do trabalho e da punjança do valoroso povo paulista e brasileiro. Inesita Barroso, outro ícone de nossas tradições musicas, nos relembra com melancólica saudade um S.Paulo dos ¨Lampiões de Gaz e do ¨Almofadinha lá na calçada,Palheta branca,calça apertada¨.
Sampa,por fim se resume num sincero agradecimento de um artista, para a cidade que o acolheu,quando ele era apenas um ilustre desconhecido.
Como exemplo, podemos considerar a esquina das avenidas Ipiranga e S.João,que a canção de forma soberba e genial,imortaliza numa referencia da MPB e que deve trazer muitas e boas recordações ao autor,que quando se mudou para a capital paulista,e foi morar
num pequeno apartamento na avenida S.Luiz, naquelas imediações.
Com o verdadeiro milagre que algumas composições oferecem, ¨SAMPA¨criou laços definitivos de amor entre o poeta e a cidade, chamando a nossa atenção,principalmente para
quando verificamos com inusitado interesse,o fato de compositores que prestaram sua homenagem a gigante cidade de S.Paulo,sem serem daqui,como : ¨Eh S.Paulo¨(1934) de Alvarenga da dupla famosa ¨Os milionarios do Rizo¨Alvarenga & Ranchinho,que era mineiro, Billy Blanco,originario de Belém do Pará,e que homenageou nossa capital com a ¨Suite Paulistana- Retrato de uma Cidade¨ (1974) e o baiano Tom Zé,que em 1968 fez ¨São,São Paulo,meu Amor.
Como vemos,a musica mais uma vez se presta,para colocar a nu, as mais sinceras e até extravagantes sensações que habitam lá no fundo,na profundidade da alma humana, senti menos somente conhecidos pelas pessoas que vivem estas sensações.
Beni Galter 25/5/10

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