quarta-feira, 26 de maio de 2010

MARINGÁ

Maria do Ingá, seria uma bela cabocla dos sertões do nosso lendário e glorioso norte, que acossada pelo flagelo da seca, partiu juntamente com outros retirantes,em busca de paragens onde o céu fosse mais justo,e a terra menos desditosa. Como sempre acontece nestas situações, deixou um enorme vazio na alma apaixonada e melancolica de um bravo caboclo nordestino, que solitário lá ficou.

Este foi o tema escolhido pelo compositor e medico mineiro, Dr. Joubert Gontijo de Carvalho, para retratar (pela primeira vez) na musica popular brasileira, o tema que posteriormente foi exaustivamente explorado por outros compositores: a seca do nordeste brasileiro.

Considerada ¨a mais expressiva¨das composições de Joubert,seu sucesso em radio e disco foi tão grande, que acabou por ¨emprestar¨seu nome a uma cidade do estado do Paraná. Maringá, corruptela romântica de Maria do Ingá, recebeu ao longo do tempo, dezenas de gravações, inclusive no exterior. Musica concebida em estilo regionalista, Maringá, segundo os observadores da época, é a primeira composição a abordar o triste drama da seca nordestina, envolvendo a historia dos retirantes, que tem de abandonar sua querida terra, escorraçados por uma seca inclemente.

A bem da verdade, embora os méritos reconhecidos da composição, o grande sucesso de Maringá por ocasião de seu lançamento, deve-se também a interpretação marcante de Gastão Formenti – seu criador – que a gravou na RCA. Victor, acompanhado pela orquestra Victor Brasileira, regida pelo maestro João Martins, no dia 13 de Junho de 1932,portanto a quase 76 anos passados. O disco original de Gastão Formenti, recebeu o numero de serie 33568.

A companhia Melhoramentos Norte do Paraná havia loteado todo o território onde hoje se localiza a cidade de Maringá, com o objetivo de construir algumas casas onde pudesse alojar seus empregados. A área territorial era enorme (999 km quadrados a 555 metros de altitude). Durante o dia eram trabalhadores construindo uma pequena cidade. A noite, estes mesmos trabalhadores se reuniam ao redor da fogueira para cantar ao som de um violão,a saudade do lar,dos familiares que longe estavam.

-Como é o nome desta bela canção, que os operários estão cantando? Perguntou a sra Elizabeth, ao seu marido o inglês Henry Thomas, presidente da companhia, durante uma reunião onde se discutia qual seria o nome que dariam a nova cidade ¨ O nome é Maringá,respondeu o marido.¨ Então, o nome da musica é um lindo nome que se presta para uma bela cidade.¨ Sugeriu a inglesa,Dona Elisabeth.

Maringá foi reconhecido como distrito em 10 de maio de 1947 e elevado a município atravez da lei n.790 de 14 de novembro de 1951,com área deslembrada do município Mandaguari. Em 1957, o Dr. Joubert de Carvalho (autor da musica) recebeu um telegrama que o convidava para estar em Maringá aonde iriam homenageá-lo dando o seu nome a uma rua daquela cidade. Para tanto, havia um avião a sua disposição. A antiga rua Bandeirantes, a partir daquela data, receberia uma placa de bronze, onde se lia: Rua Joubert de Carvalho – compositor da musica Maringá,que deu nome a cidade.

Lembrava o Dr Joubert de Carvalho:¨ Ao chegar em Maringá, acompanhado de familiares e alguns amigos,encontrei uma cidade linda, com faixas que me saúdavam. Presentes, o prefeito, o arcebispo e uma enorme multidão. De repente,vem um sujeito alto,com uma criança no colo. Ele atravessou toda aquela multidão,porque queria me cumprimentar. Chegou perto de mim,levantou a criança e disse: Beija o Dr. Minha filha. Foi ele que fez a musica da nossa cidade. A emoção foi enorme, indescritível mesmo.¨

Depois de vários discursos e homenagens, os festejos culminaram com um banquete no Rotary Club local, e mais: a promessa de Joubert de Carvalho, de voltar anualmente a Maringá, no aniversario de sua fundação.

Esta é mais uma história, onde a musica acaba inventando a realidade.

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